Eu só existo no olhar do outro?
Daí que tenho lido um tanto sobre psicanálise porque eu realmente gosto do assunto e ele me abriu tanto para a vida, que passou a ser parte dos meus momentos de relaxamento, mas eu continuo com a sensação que tive nesses últimos quase cinco anos de análise: eu não tô entendendo nada no plano racional, mas meu insconsciente tá sacando tudo!
Quantas e quantas vezes minha terapeuta falava as coisas, na linguagem mais acessível possível e eu custava a entender. Várias vezes ela tinha que fazer analogias, me enviar algum material de apoio para eu entender o que, depois de um tempo de processamento, se mostrava óbvio. E agora que tenho lido alguns livros do tema, direcionados para o público leigo e o sentimento voltou com força. Eu leio e tenho a impressão de que não estou entendendo absolutamente nada. E senti até uma saudade das minha sessões semanais e cheguei a me questionar se eu devo voltar, mas pensando aqui, entendi que o que eu sinto falta da análise era da provocação que minha analista fazia sobre minhas falas. Eu me sentia desafiada com tudo o que ela trazia, com as perguntas que ficavam ecoando em minha mente por semanas e que me faziam mergulhar profundamente em mim.
Tive essa percepção agora, lendo o livro da Ana Suy e do Christian Dunker, porque me parece que não entendo nada do que dizem, mas na verdade eu me sinto tão desafiada a pensar de uma forma diferente, a entender outras perspectivas daquilo que pode parecer óbvio que quase sinto vontade de voltar pra análise.
Mas não é isso. O meu desejo reside no desafio. O meu desejo reside em situações ou pessoas que me provoquem a expandir minha mente, a enxergar possibilidades antes não pensadas por mim, a explorar o inexplicável, não em busca de uma resposta, mas em busca de todo o universo que cabe em certas palavras e seus rearranjos.
Deve ser por isso que gosto tanto de ler. As mesmas palavras organizadas em diferentes perspectivas me desafiam a viver um mundo novo, dentro e fora de mim.
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