Postagens

Mostrando postagens de maio, 2025

O amor em mim não faz morada

Imagem
arte: @pulpbrother Às vezes me sinto um caminho para o amor Para o amor passar e não ficar   Às vezes me sinto um caminho para o amor Para o amor chegar e pousar e se demorar Para o amor visitar e se hospedar Em temporadas: Dias Semanas Meses Anos Mas ele se vai do mesmo jeito que chegou Ele passa   O amor em mim não faz morada O amor em mim já é morada É uma casa térrea em um terreno sem muros Com cheiro de café fresco, bolo quentinho e grama molhada   O amor que em mim é morada Recebe Aquece Ferve Acalanta Mas ele amorna, esfria e não fica   O amor em mim não faz morada Porque ele se esgota em cada temporada Porque eu não amo a conta gotas Eu amo de inundação De cachoeira De corredeira Eu amo inteira  

Sábado de noite

Imagem
Sábado de noite, longe dos perigos noturnos, como diz uma amiga, pijaminha, hidratada, alimentada e segura. Segura de mim, segura do mundo, me sentindo em paz. Tenho pensado muito sobre meu estado de saúde mental e física que, pela primeira vez ao longo desses anos de vida, tem estado em paz. Parece quase um pecado dizer isso aos outros ou escrever de maneira pública, mesmo que tenham menos de seis pessoas me lendo. Estar em paz é uma frase que sempre me lembra a música do Los Hermanos e que aumenta esta sensação. Tem sido curioso comentar com meus amigos, mesmo os mais íntimos, sobre esse meu momento. Invariavelmente recebo um retorno sobre “nossa, ainda não consegui essa elevação”, ou algo assim:  “também, tá com a vida ganha!” (a intimidade às vezes pode ser cruel) e algumas clássicas como “é, né, sem filho pequeno e marido até eu fico em paz”. É engraçado como a gente tem dificuldade de escutar o outro e simplesmente aceitar o que se diz. Sem fazer juízo de valor. Eu sinto...

O que tem depois do fim?

Imagem
Nos últimos três dias eu passei lendo meu caderno de memórias. Tenho vários cadernos de memórias guardados, desde os meus vinte e poucos anos. Vez ou outra gosto de reler coisas antigas pra me (re)conhecer e identificar o que permanece e o que mudou. Às vezes dou risada com algumas preocupações da época e outras eu percebo o quão madura ou em estado de sofrimento eu já estive. Mas esse caderno de reli é mais recente. Lembro de quando comprei e de quando escrevi meus primeiros sentimentos. Foi em Julho de 2023. Eu sabia que minha vida mudaria muito dali pra frente e, como já virou um ritual meu, fui até o mar. Lembro que desci pro litoral paulista uma da tarde apenas com a roupa do corpo, uma ecobag com documentos, celular, carregador, o caderno e uma caneta. Estava um frio paulista cortante. Tirei os sapatos, pisei na areia, pedi uma cerveja e uma porção de peixe empanado. Fiquei olhando para o mar, para aquele dia que tinha um sol tímido e um vento cortante espirrando areia no meu ros...

O Sol não pode viver perto da Lua?

Imagem
Que mulher complexa sou eu! Um dia estou sofrendo, triste e querendo me ver dentro de uma ostra bem no fundo do oceano longe das garras humanas e no outro estou cantante, brincando de sereia que seduz e encanta. Não é nada fácil andar pela vida passando por tantos picos e vales. É sofrido, deixa minha cabeça maluquinha ao mesmo tempo que me impulsiona para fazer tantas coisas legais, tantas coisas que me fazem bem. Desconfio que toda essa labilidade é mais um modo de vida que um descompasso. Enquanto os picos me servem pra que eu acredite em mim e tenha certeza das minhas capacidades e os alcances que posso ter na vida, os vales me lembram que as vezes as pausas são necessárias. Eu sou apaixonada por mim quando estou no pico. Me sinto viva, animada, bonita, empolgada e empolgante. Quero viver, quero fazer, quero acontecer. Minha vida fica em pleno período fértil em noite de lua cheia. Mas também não nego que gosto quando estou no vale. Costumam ser meus momentos de escrita mais impor...

Primeiras vezes

Imagem
Sempre tem uma primeira vez E as primeiras vezes são marcantes demais A primeira vez que andamos A primeira vez que falamos A primeira vez da bicicleta sem rodinha  A primeira vez na escola sozinhas O primeiro bilhetinho de amor A primeira vez dormindo na casa da amiga O primeiro beijo no menino mais popular O primeiro beijo no menino mais esquisito  Primeiras vezes dão frio na barriga A ansiedade da inauguração  A alegria do momento presente A esperança de que a segunda vez não seja uma ilusão  Mas primeiras vezes também podem doer Entristecer e cria traumas  Nos protege (ou defende?) de outras primeiras vezes Que poderiam acontecer Viver é arriscar-se  Nessa onda gigante de primeiras vezes Sabendo que pode surfar Sabendo que pode afundar  O equilíbrio e o tom É você quem dá 

Bruta flor do querer

Imagem
O amor é essa coisa que inicialmente acontece e que com o passar dos dias pede uma intencionalidade, uma vontade, um querer, uma atitude e assim se segue, numa construção diária de possibilidades, do inexplicável e da curiosidade em saber o que vai acontecer no dia seguinte, para onde esse instinto irá nos levar. O paradoxo, ao meu ver, é que o amor também é segurança, previsibilidade e até mesmo uma aparente monotonia, nos momentos em que o corpo não está tão quente e vibrante, mas morno o suficiente para trazer uma sensação agradável de aconchego. O amor não está presente quando há brigas, inseguranças e desconfianças, mas esses momentos acontecem em um relacionamento e isso quer dizer que, durante o amor, há momentos de desamor, e é essa dualidade que bagunça a minha cabeca, por vezes infantil, de que devemos viver tudo com tanta intensidade que não deveria existir espaço para o desamor . Mas eu também tenho compreendido que os momentos de desamor nos afasta do amado, mas nos aproxi...

Eu sonho tanto

Imagem
Eu sonho tanto. Eu acredito tanto nos meus sonhos. Tenho sonhos lúcidos. Tenho sonhos reais. Tenho sonhos malucos. Tenho sonhos sonhos. Tenho sonhos horríveis. Eu sonho tanto. Já sonhei que eu era um verme e rastejava no chão. Já sonhei que eu era uma espécie de cavaleiro da távola redonda e recebi uma espécie de benção dentro de um castelo com alguém importante tocando o topo da minha cabeça com uma espada reluzente. Sonhei que passava por um portal no meio da floresta, com um monte de velhas sentadas bem na entrada, como se fossem as saudosas velhas fofoqueiras das vilas das cidades e tinham muitas mandalas dos sonhos penduradas nessa entrada que se misturavam com os galhos das árvores e me convidavam a entrar em um lugar inesperado. Sonhei que fui sequestrada por um anjo muito muito muito reluzente, com olhos cor de mar do caribe que me conduziu em uma viagem astral inesquecível. Sonhei que andava em uma espécie de trem voador pelo espaço e que tinha um motorista bem magrinho careca...

Às vezes a noite chega

Imagem
Às vezes a noite chega E escurece tudo ao redor Não há iluminação nas ruas As calçadas não se podem ver   Às vezes a noite chega A Lua fica pequena Tão fina e escondida Não ilumina a vida que se vê   Às vezes a noite chega E traz consigo o silêncio Dos pensamentos incessantes Que anseiam por emudecer   Às vezes a noite chega E aproveita para trazer à tona Os sussurros das entranhas Que não querem mais se esconder