O Sol não pode viver perto da Lua?

Que mulher complexa sou eu! Um dia estou sofrendo, triste e querendo me ver dentro de uma ostra bem no fundo do oceano longe das garras humanas e no outro estou cantante, brincando de sereia que seduz e encanta. Não é nada fácil andar pela vida passando por tantos picos e vales. É sofrido, deixa minha cabeça maluquinha ao mesmo tempo que me impulsiona para fazer tantas coisas legais, tantas coisas que me fazem bem. Desconfio que toda essa labilidade é mais um modo de vida que um descompasso. Enquanto os picos me servem pra que eu acredite em mim e tenha certeza das minhas capacidades e os alcances que posso ter na vida, os vales me lembram que as vezes as pausas são necessárias.

Eu sou apaixonada por mim quando estou no pico. Me sinto viva, animada, bonita, empolgada e empolgante. Quero viver, quero fazer, quero acontecer. Minha vida fica em pleno período fértil em noite de lua cheia. Mas também não nego que gosto quando estou no vale. Costumam ser meus momentos de escrita mais importantes, densa, com alma e intensidade.

Mas agora, nesse minuto em que escrevo estou me sentindo no alto, no pico, no cume da emoção gostosa de quem se sente realizada e em plenitude consigo e com a vida. Estou recarregada de amor dos meus queridos. Família, trabalho e amigos que me trouxeram tantas boas notícias que nem acreditei que tudo pudesse vir num combo ao final de uns dias tão cinzentos em minha alma cansada. E se eu escrevo quanto entristeço, também escrevo quando me alegro. Porque escrever é a maneira que tenho de deixar tudo o que tem aqui dentro sair, perambular por outros olhos, ganhar outros significados, sofrer outros julgamentos que não meus. Escrever é terapêutico, libertador e um ato revolucionário, em que milito contra e a favor de mim mesma, para não me sentir pouca coisa no mundo, ao mesmo tempo em que sei o tamanho da minha insignificância.

Eu adoro quando minha escrita sai assim, sem qualquer compromisso com as regras, estrutura ou estética. Quando sai em formato de diário adolescente de uma mulher de espírito jovem que precisa ter sempre um lugarzinho para se sentar, um café sem açúcar e uma água com gás. A escrita assim me preenche porque consigo ser e existir. To aqui escrevendo na minha cama, com o note apoiado no travesseiro, o abajour aceso, meus olhos ardendo de sono, um amigo me mandando mensagens criticando o wagner moura e tudo o que eu quero é estar aqui, rabiscando essas linhas desconexas e que tanta verdade me trazem.

Eu amo quando minha energia volta. Eu estava precisando tanto dela. To nutrida, me sentindo amada, feliz com meu canto, me sentindo pertencente ao mundo que fantasiei em minha cabecinha cheia de caraminholas. Se vocês soubessem como sofri nesses últimos dias, diriam que fui possuída por um outro ser...rs...é assim que funciona. Não é que depois de um momento de alegria vem a tristeza, é que depois de um momento de alegria a gente busca inconscientemente a tristeza, para equilibrar toda a emoção que foi aberta em nosso coração e que não estamos humanamente preparados para lidar. A tristeza vem para frear toda essa energia extasiante que supera o entendimento da esmagadora maioria da população – inclusive o meu e assim não sucumbimos.

Agora, nesse instante em que me encontro com sono e muito cansada, com o corpo pedindo para ser esticado, lembro dos últimos momentos que me fizeram tao feliz – e só hoje tive três grandes momentos desses – e agradeço por ter condições de viver tudo isso sem me sentir enlouquecendo, mas com sentimento de enorme agradecimento por tudo o que trilhei para chegar até aqui. Foi foda. Mas deu bom. 😊

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