Devaneio
Tem coisa que não dá. Não dá pra fazer encaixar. Tem
desencaixe que é bom de se viver. Mesmo que traga uma certa solidão, mesmo
que o vazio incomode.
Eu adoro viver experiências. Sou
bem menos curiosa do que já fui, talvez porque agora eu não me sinta tão
ansiosa em descobrir o que tem lá na frente, embora tenha curiosidade.
É um lance meio onda do mar,
sabe? Quero saber de forma antecipada (bate a ansiedade), mas também quero
viver a experiência do acaso (bate a paciência). E assim tenho seguido meus
dias.
Esse vai-e-vem já me adoeceu,
mas agora não tem sido nocivo, tem sido diferente. É realmente a sensação
de boiar no oceano sem muitas ondas, na marolinha da vida, como já escrevi
textos atrás.
Porque, invariavelmente, quando
sigo em frente com minha ansiedade e desejo descobrir o que vem à frente, me
decepciono. Porque sinto falta da magia - também escrevi sobre isso textos
atrás - sinto falta daquele ✨ mágico quando algo acontece
espontaneamente.
Não, não me refiro a romances,
me refiro a vida mesmo. A previsibilidade é segura, isso é um fato. Ter
estabilidade na vida, no dia a dia, nas emoções é um tremendo privilégio,
eu reconheço, mas sentir aquele frio na barriga, aquele medinho não
paralisante do que está por vir, aquela curiosidade saudável sobre “como
será” faz parte da atmosfera da magia.
Claro, tudo isso sob meu ponto de
vista, sob a forma que gosto de viver e de me relacionar com o mundo.
Mas aí vem o vazio. Aquele
espaço que se abre na nossa vida e que aprendemos que não devem existir. Nos
ensinam que “cabeça vazia é oficina do diabo” (!!!). Essa frase é tão
abusiva, tão ameaçadora! Porque cabeça vazia é oficina para o ócio, aquele
mesmo que também nos ensinaram que deve ser criativo. Mas eu digo que ele não
deve nada. Ele pode ser o que quiser…rs. Todo lugar é lugar para o ócio!
Mas eu já estava, como sempre,
dispersando do assunto inicial. Do assunto do desencaixe. Do sentimento de…me
perdi nos pensamentos. Esse texto talvez fique incompleto. Talvez ele tenha
vazios impreenchíveis.
Enquanto o escrevia, senti uma
forte dor de cabeça, que me fez largar o celular (sim, ele foi escrito no
celular) e fechar os olhos pra descansar um pouco e, quando fechei, me veio a
frase “Eu gosto de gente. E eu gosto de gente, porque gosto de lidar comigo
mesma, gosto de me conhecer. Pessoas que dizem que não gostam de gente,
geralmente são pessoas que não lidam bem consigo mesma”.
E com essa reflexão, eu abri os
olhos e voltei a digitar. Mas vou ter que tomar um remédio. A enxaqueca é
incapacitante. Mas eu acredito que sei quando e porque ela chegou.
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