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Mostrando postagens de janeiro, 2025

De quatro / Miranda July; tradução Bruna Beber. – 3. ed. – Rio de Janeiro: Amarcord, 2024

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Esse foi o segundo livro que li em 2024 (mesclando com outros ainda não terminados) e eu tô assim, sem saber exatamente o que achei dele. Por enquanto, tenho dito que eu gostei, mas não amei. É um bom livro, mas não é incrível. Tem partes bem excitantes, outras bem chatas que vale ter aquela leitura meio rápida, pulando parágrafos. Eu gostei muito de algumas provocações que o livro me trouxe, como a utilização dos pronomes neutros ao se referir a Sam, seu filhe. Gostei da maturidade de seu casamento, que me pareceu pautado com muito diálogo (até mesmo nos momentos em que o silêncio foi a ferramenta escolhida para lidar com uma situação incômoda e que precisava de reflexão por Harris, seu marido). Gostei muito das discussões mentais que ela tem ao longo de todo o livro, porque retrata muito do nosso cotidiano – pelo menos o meu – que pensa mil coisas ao mesmo tempo, tem desejos aparentemente absurdos, depois volta e pensa que tá ficando maluca, como um “credo, que delícia!”, porém...

Quando os 40 anos chega

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Quando completamos 40 anos, uma série de situações começam a surgir em nossa vida que nos faz acreditar que estamos surtando. Surtando loucamente ou em silêncio, não importa a forma. Às vezes essa virada louca na nossa vida acontece no dia seguinte ao aniversário, como num passe de mágica, ou como se tivesse um botão do tipo start e que não tem a função stop . E aí começa uma nova jornada da heroína, ou melhor dizendo, é aí que começa a jornada da heroína, mas diferentemente da jornada do herói, não há muito a necessidade de dar publicidade aos nossos feitos, muito pelo contrário: sentimos cada vez mais a vontade de vivermos essa jornada em silêncio, aparentemente quietas, visualmente calmas, porém, com um turbilhão de sensações, pensamentos, hormônio e atitudes. A mulher após os 40, começa a fazer coisas que soam estranhas àqueles que estão acostumados a ela. Geralmente os companheiros, filhos e amigos mais próximos, que não nos dão a devida atenção, simplesmente estranham esses ...

Pequenas coisas como estas / Claire Keegan; tradução por Adriana Lisboa. - Belo Horizonte: Relicário, 2024

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Percebi o livro melancólico e solitário ao retratar um homem, trabalhador e pai de 5 filhas, que começa a pensar e questionar se a vida que leva faz algum sentido. A mesmice dos dias e a previsibilidade dos acontecimentos, marcados por uma cultura e religião protestante o entendiam e levam-no à refletir sobre o propósito da sua rotina, desse labor e seus privilégios, fruto de um trabalho árduo, consistente e resignado, em relação a desigualdade que assiste em sua pacata e obediente cidade. Sente-se impelido a "quebrar alguma regra", embora essa intenção não esteja explícita na história, mas dá o tom da personagem, o que o motiva a salvar uma das meninas da lavanderia que ficava em um convento, lugar conhecido por "acolher" meninas grávidas consideradas impuras e que fugiam as regras da sociedade. Elas eram submetidas ao trabalho escravo de limpar e lavar impecavelmente as roupas que ali eram trazidas pelos moradores e tinham seus filhos vendidos ao estrangeiro pelas...